quarta-feira, 12 de março de 2008

A segunda parte de uma provável história

Os portugueses eram os Almeida. Seu Pedro era robusto, de feição forte e marcada. Tinha poucos cabelos e um grande bigode. E falava pouco, mas que você não se engane com isso: ele dava valor às palavras. Sabia exatamente a hora certa e o lugar perfeito para encaixá-las. Dona Maria Isabel era pequena e mirrada. Tinha rugas precoces e o corpo curvado: parecia carregar um grande fardo. Usava roupas escuras e um avental eterno. Havia, ainda, na casa, dois rapazes: Antenor e Joaquim. O primeiro, o mais velho, era alto e carrancudo como o pai, mas dono de uma beleza peculiar: apesar de um nariz desproporcional, seu rosto era iluminado. Estudava para ser doutor na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O mais novo, Joaquim, era forte e alegre. Tinha um sorriso verdadeiro, cabelos macios e olhos que encantavam. Vestia-se impecavelmente e trabalhava com o pai nos negócios da família. ...E fazia sucesso com as moçoilas da cidade.
Eles estavam esperando por Stella na estação: Dona Isabel e Joaquim. Ela foi uma das últimas a deixar o vagão. E foi recebida com um sorriso e dois apertos de mão. Poucas palavras no caminho até a casa. Melhor assim, pensou, desprotegida, aquela menina que não queria estar ali.


A primeira parte desta provável história está no post abaixo.
Se haverá a terceira parte? Tomara!

5 comentários:

Anônimo disse...

Provável nada. Já é uma história. Que sei que começou ha muitos anos atrás e agora encontrou uma "pena" para lembrá-la. E estás a fazer isso muito bem. Luciana, isso é o começo do seu livro. Manda ver que está impecável. Eu quero ler mais, Pode correr.
Camilla Tebet
www.essepapo.nafoto.net

Friendlyone disse...

Parece que eu já me encantei também por Joaquim!!! Rs
Não tô sumida, tô on line!

Beijos
:-)))

Letícia disse...

Seus textos sempre terminam com uma imagem de perpetuação - como algo que não tem fim, mas traz sentido inteiro. Adoro visitar você - com crase ou não.

Bjs, Amiga Escritora.

E talento não te falta. :)

João Neto disse...

Vai matar a estória tendo uma narrativa dessas? Não creio. Há muito dentro de você para sair e fazer a nossa alegria. Apenas faça-o!

Pratas Diversas disse...

Uma ótima história, quero continuar, por favor não pára, estou num encanto, bjos