sábado, 31 de maio de 2008

purple

Cheguei tarde.
Você já havia partido.
Atrasei-me pois pensei ter entendido.
As palavras tinham significado de dicionário.

Eu não sentia. Apenas entendia.

E isso, acredite, fez a diferença.
Provocou esse maldito desencontro.
E acabou nessa meia vida mal vivida.
Agora só tenho você em sonho.
Nunca mais e pra sempre.
Coroado e glorificado.
Eternizado.
Ingênuo devaneio meu.
Deslumbre da minha quietude.
Por isso é eterno, não é?
Porque quem fica em sonho, tudo pode.
Responda, nem que seja na minha imaginação.
Mas responda, por favor.
Você volta?
Não me vire as costas.
Não em sonho.
Me fascina com seu verde no delírio da noite mal dormida.
Seja a ilusão da minha vida.
A minha quimera apaixonada.
Seja a miragem nos dias de areia nos olhos.
Quando as vozes alheias me arderem os ouvidos.
Seja minha utopia.
Minha dor e minha delícia.
Mas seja.
Esteja pra mim. Deseja comigo. Lateja em mim.
Me realiza.
Me finda com sua felicidade fantasiosa.
E me veja com os meus olhos de fantasia.
Uma só vez.
De verdade ou não.
Vida ou não.
Eu e você, ou não.
Você.
Sempre você.
Sua essência em meu coma.

10 comentários:

Camilla Tebet disse...

Atualizzzzzzzzzzzouuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu eba.. Comemoro cedo demais. Li, duas vezes, achei maravilhoso, "sua essencia em meu coma" e todo o texto. MAs acho que ainda preciso ler mais umas vezes pra saber comentar.
Lembra que te falei que ainda estava aprendendo a ler os textos da Alice? Pois é, esse é tão difícil quanto para mim.. de tão bom.. não sei,.. vou ler de novo ..
Mas parece qu enão entendi,

John Doe disse...

Lindo luci, lindo mesmo palavras carregadas de significado...

Jacinta Dantas disse...

Fiquei aqui pensando no desencontro que acontece entre pessoas. Não sei se isso é possível, para parece que existe desencontro marcado. E então a gente fica com a ilusão do que poderia ter sido encontro. Já que ele não aconteceu, o que, na imaginação poderia ter sido, ganha a dimensão de que teria sido muito bom. Eita sentimentos perigosos.
Beijos

Narradora disse...

Belo texto.
Engraçado como tem coisa que parece que não é pra ser, é mais que um desencontro, é um conjunto de desencontros(desencontro tem coletivo? rs)
E a arte do encontro que é a vida (como diz Vinícius), nessas horas, deixa a gente assim, meio "sem arte".
Concordo com a Jacinta, acho perigoso idealizar o quase.
Bjs

Narradora disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camilla Tebet disse...

Quero essencias em meus comas também. Muitas e que durem.

aluaeasestrelas disse...

"...Seja minha utopia.
Minha dor e minha delícia.
Mas seja..."
Apenas ser, sem nada mais desejar... Difícil. Por isso, há tantos desencontros... Mas no seu texto, a delícia está em justamente se deixar levar pelo belo da dificuldade de se encontrar e se perder.
Bjos!!!

Joice Worm disse...

Luci, só de ver o código que tenho que digitar depois do meu comentário, até me arrepio..."nwacebrx", acho eu. Bom, vamos lá.
Sabe que hoje eu vim aqui, só para ficar sentada na sua sala a ler? Às vezes dá vontade de sentar aqui, tomar um copo de água fresca e saborear as suas palavras em poesia. É mesmo relaxante.
Gosto de mais gente, como deves imaginar, mas há momentos para cada um. E hoje, cá estou...
Beijokas para ti da Joice.

Friendlyone disse...

desencontros partidas sonhos eternizados marcam ficam mesmo pra sempre

João Neto disse...

Luci, a vida corrida tem me impedido de ler com a freqüência correta o que de bom meus amigos escritores têm feito. Mas hoje pude passear pelos blogs e sou surpreendido com um poema desses. Maravilha! Maneira lírica de falar de encontros, desencontros, amor que não cessa e desejo que arde. Já era fã, agora carimbo a carteirinha.