quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Na hora

Sempre soube. Mesmo sem nunca ter visto ou tocado. Sabia que estava lá. Segredo de um relógio. Vai. Não volta. Nem fica. Escorre entre os dedos. Minha pele às vezes é macia. E ele flui mais fácil nesse tempo de suavidade. Um dia, por um segundo perdido, nossos olhos se toparam. Efêmero e improvável. Mesmo assim, perdi a hora. Não ouvi o tilintar. Esqueço. No abre-fecha, desencontros. No fecha-abre, possibilidades. Sinto como um bem-querer. Fecho os olhos para ver melhor. As mãos se abraçam, perpetuadas. Quero cessar. Impossível. Seguro o ponteiro. Tão forte que sangram os dedos. Parou. O silêncio interrompido. E nada, meu Deus, não há nada. Um branco dissolvido. Sem começo, meio ou fim. NADA. Sobressalto e boca seca. Falta-me ar. Não adianta, menina tola, não adianta. Travo os dentes. Solto a alavanca. Os braços doem e ele segue, enfim. Agora o ar está de volta. A pele, ressequida.

5 comentários:

fen disse...
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Letícia disse...

É o peso do tempo ou do que se sente que faz isso - não sei. Mas sei que relógios atrasam e fazem barulho. Mesmo quando quebrados.

Que bom que voltou a escrever, Luci.

Bjs.

Anônimo disse...

O tempo é implacável. Coloca as marcas. E estas ficam, mesmo que tenha sido efêmero. Tudo pode ser visto e sentido na pele.

Saudades de vc amiga. Cê sumiu mesmo, né?!

Beijos

Narradora disse...

Não tem jeito mesmo, né?
Nem adianta brigar com o ponteiro, só cuidar pra não ter desperdício...
Gosto de te ler.
Bj

Toninho Moura disse...

Aproveitar o tempo para viver, sem deixar o tempo passar por passar.
Parece fácil, mas na maoria das vezes, o tempo passa e a gente nem percebe.

Já leu o "Fragmentos de um Romance"? Tem a ver com o tempo.
Braços!