domingo, 8 de junho de 2008

No tom do outono

É preciso dizer que não vou falar de flores. Nem hoje e por muito tempo. Estou vivendo em outra estação. Ainda não é chegado o meu tempo frutífero de primavera. Creio estar no outono. Preparando-me para um rigoroso inverno. Mas sem o medo de antes. Agora conheço os meus pés frios. E arrumei uma galocha. Estou recolhendo algumas folhas secas e vou guardá-las como recordação desta temporada. Deixo algumas aqui para os que me visitarem. Mas flores... Desculpe, meu caro. Não é mesmo chegado o meu tempo.
Minha temporada agora é de seca. Uma secura branca e pacífica. Sim, há fertilidade em mim. Há adubo. Mas não há hora para o cultivo. Meus minutos estão contados, como dinheiro em tempo de recessão. São preciosos os meus segundos. Quando o inverno chegar, estarei mais forte e disponível. Não precisarei mais deste relógio impossível. E então estarei radiante para o verão. Esquentarei minhas letras. Plantarei minhas sementes coloridas. Condimentarei em novas línguas. E me tornarei, novamente, primavera de mim. Pra ti.