Escrevo com o ego ou com o coração? Às vezes, é difícil
saber. Prefiro palavras honestas, mas as letras envaidecidas são muito
atraentes, mesmo que nem sempre tão verdadeiras.
E assim seguia a vida daquela moça. Ela não tinha certeza se
era mesmo feliz. Sentia-se plena em muitos momentos, é verdade. Não dá pra negar isso de jeito nenhum. Porém, logo começava a sentir aquele temor. Não era
aterrorizador. Era um temor persistente do tipo que não machuca, mas incomoda
sem parar, sabe? Feito dorzinha chata que não vai embora. Era assim: se ela
ficava feliz simplesmente porque o céu, naquele dia, estava azulzinho, de “Brigadeiro”
mesmo (sim, porque ela era capaz de extasiar-se com essas delicadezas), logo
surgia, sorrateiro, o temor com a lembrança de um dos problemas que ela estava
enfrentando. Como um despertador inconveniente dizendo que era proibido ser
feliz ali, naquele instante. E ela achava aquilo tão irritante! Quase beirava a tristeza, se ela realmente
permitisse. Às vezes, era vencida. Em outras, nada a desmotivava daquilo que
muitos insistiam em chamar de ilusão. Mas que ela sabia ser, na verdade, sua
verdadeira essência. Graças a Deus.